quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A Walter Jobim não é estrada


Avenida no bairro Patronato preocupa especialistas e autoridades pela recorrência nos atropelamentos

O direito de ir e vir, princípio constitucional, nem sempre é respeitado. O embate entre pedestres e condutores (motoristas, motociclistas e ciclistas) tem gerado preocupação em um determinado endereço de Santa Maria: a Avenida Walter Jobim, no bairro Patronato.

Recentemente, um jovem de 21 anos foi atropelado por uma motocicleta quando cruzava a avenida (leia mais no quadro). O número de atropelamentos na via pode não parecer alarmante – foram oito, de 2011 para cá –, mas quem passa pela avenida já observou que o local virou pista de corrida para motoristas apressadinhos, tornando-se, em alguns casos, uma via mortal para pedestres.

Para Carlos Félix, professor do Departamento de Transportes da Universidade Federal de Santa Maria, um somatório de fatores contribuiria para esses atropelamentos. O principal é o excesso de velocidade. Na Walter Jobim, a velocidade máxima permitida é de 40 km/h, mas não raramente os veículos atingem entre 60km/h e 80km/h, velocidade que é permitida em rodovias, ou até bem mais (veja texto debaixo, à direita). Isso ocorreria porque a pista é mais larga que a das demais avenidas – na Walter Jobim, há três faixas de rolamento nos dois lados da via.

Também figuram na lista da Walter Jobim a falta de dispositivos que garantam o deslocamento seguro de pedestres (como um semáforo com botoeira, por exemplo), imprudência do pedestre (ao não procurar um local seguro para a travessia, como a faixa de pedestre) e a sinalização precária no 1,2 quilômetro da avenida.

– A avenida tem uma característica de rodovia, com um trecho muito extenso – avalia Félix.

Para o especialista, a avenida precisa de uma intervenção do poder púbico. Segundo Félix, é preciso que sejam feitas ações que envolvam o planejamento, a operação e o controle do trânsito no local. Félix traduz: fazer estreitamento da pista, alargamento da calçada no canteiro central e, até mesmo, um corredor de ônibus.

– A atenção e a prudência são fundamentais a todos: condutores e pedestres – resume.

Adolescente atropelado na via ainda sofre com sequelas
 

Na noite de 15 de novembro de 2011, o adolescente Tiago Costa Leite, então com 13 anos, saía de casa para comprar um refrigerante quando foi atropelado em cima da faixa de segurança por um Fiat Palio. Por 20 dias, ele ficou entre a vida e a morte no CTI do Hospital de Caridade. Hoje, o pai dele, João Pedro Leite, acredita que “o pior já passou”. Mas as sequelas e o recomeço para Tiago são diários:

– Ele toma todo dia remédios para a cabeça e para a convulsão.

MARCELO MARTINS
GERMANO RORATO,ESPECIAL

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