quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Multas por embriaguez ao volante crescem no Estado


Cerco das autoridades fez aumentar em 47% o número de infrações no Rio Grande do Sul, e mortes diminuem na Capital e em Caxias

Kamila Almeida
A cada dia, 60 motoristas são flagrados dirigindo sob efeito de álcool ou entorpecentes em ruas e estradas estaduais, municipais e federais do Rio Grande do Sul. A frequência dos flagrantes fez com que crescesse em 47% as multas no primeiro semestre de 2012, em relação ao mesmo período do ano passado, conforme o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

O recrudescimento da fiscalização, formatado principalmente nas operações Balada Segura e Viagem Segura, é apontado pelas autoridades como crucial para a elevação desse número, que inclui os motoristas que se negam a soprar o bafômetro.

— É inconcebível em pleno século 21 o pessoal insistindo e resistindo a essa questão de beber e dirigir na via pública. Os índices de acidentalidade estão ligados a esse fator. Só quando sente no bolso é que o motorista cria consciência — diz o diretor técnico do Detran gaúcho, Ildo Mário Szinvelski.

Segundo o diretor, essa punição mais intensa tem reflexo nos acidentes em todo o Estado, onde as mortes caíram 6% nos quatro primeiros meses do ano. Em Porto Alegre, em um ano de Balada Segura houve uma redução de 17% dos acidentes e 31% das mortes.

Em Caxias do Sul, a intensificação das blitze se iniciou em novembro. Desde então, observou-se uma redução de 26% no número de mortes no primeiro semestre, na cidade serrana.

— Desde novembro, não tem nenhuma morte por alcoolemia no perímetro urbano. Nas estradas houve uma redução de 80% no número de feridos — diz o diretor de trânsito da Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Caxias do Sul, Jorge Catusso. 

O chefe de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Marcos Martins Barbosa, diz que há dois períodos em que mais pessoas caem nas barreiras: nos finais de semana e no início do mês, com o pagamento de salários. Barbosa diz que não nota uma maior consciência por parte da população. 

— Poucos sopram no bafômetro por que essa ideia se propagou, de que é um direito do indivíduo não fornecer provas contra si. Mas está errado. O que eles têm que fazer é entender que, ao beber e dirigir, o maior risco não é ser pego pela polícia, mas provocar um acidente grave — explica o policial.

Barbosa conta que são nas estradas federais da Região Metropolitana, como a BR-116 e a BR-290, as maiores incidências de autuações, pois são rotas usadas por jovens à noite para aproveitarem as festas da região.

Na Capital, o chefe de Operações Especiais da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Marcelo Cunha da Silva, conta que as barreiras estão cada vez mais pulverizadas na cidade. A zona típica da boemia, como a Cidade Baixa e o Moinhos de Vento, deixaram de ser foco exclusivo.

— As pessoas estão se divertindo para outros lados da cidade.

Fiscalização deve aumentar em cidades
O exemplo das blitze nos moldes da Balada Segura da Capital também se propagou nos perímetros urbanos em cidades como Canoas, Esteio, Alegrete, Ijuí, Guaíba e Erechim.

O diretor técnico do Detran, Ildo Mário Szinvelski, explica que finalmente o assunto virou política pública e que a tendência é apertar ainda mais a fiscalização. A sensação de impunidade que pode ter sido gerada na primeira fase da Lei Seca, em 2009, não deve mais ocorrer, salienta Szinvelski.

Os órgãos ligados ao trânsito buscam a sua maneira formas de fechar ainda mais o cerco. O chefe de Policiamento e Fiscalização da PRF, Antônio Marcos Martins Barbosa, lembra que um levantamento dos pontos de venda de bebidas alcoólicas à beira das estradas está sendo finalizado, com a intenção de impedir a venda, o que já está aprovado em lei.

Na Capital, o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, diz que o plano é direcionar cada vez mais agentes para as áreas de risco da cidade. Um estudo está sendo realizado para avaliar a necessidade.

— A vida noturna se locomove dentro da cidade, e nós andamos com ela — diz Cappellari.

Para a psicóloga Lisiane Bizarro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pesquisadora na área de álcool e drogas, a conscientização de que beber e dirigir é inaceitável vai ocorrer assim como o entendimento de que usar cinto de segurança é importante.

— As sociedades são domesticadas. Quanto mais clara a regra e maior a chance de ver alguém pego cometendo um delito, maior a chance de se conformar com ela. No começo, as pessoas esbravejavam. Era como se estivessem tirando delas o direito de viver ao montarem uma blitz. Hoje, estão mais conformadas — salienta Lisiane.
ZERO HORA

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